The Energy Certificate - 7 Ideias Chocantes de um Plano de 1938

Iniciado por Alexandre Zart, Dez 03, 2025, 03:01 PM

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Alexandre Zart

7 Ideias Chocantes de um Plano de 1938 Para Substituir o Dinheiro (e o Capitalismo)

Em meio a debates sobre renda básica universal, o futuro do trabalho e a automação, é fácil pensar que estamos navegando por águas desconhecidas. Mas e se eu te dissesse que, há mais de 80 anos, em plena Grande Depressão, um grupo de engenheiros e cientistas propôs uma das mais radicais reestruturações da sociedade já imaginadas? Recentemente, me deparei com um panfleto de 1938 chamado "The Energy Certificate" (O Certificado de Energia). O que ele descreve não é uma simples reforma econômica, mas um plano para abolir o dinheiro e a propriedade, mas que exigia em troca uma vigilância total que faria os gigantes da tecnologia de hoje parecerem amadores. Prepare-se para conhecer as ideias mais surpreendentes — e estranhamente prescientes — contidas neste projeto esquecido.
1. Adeus, Dinheiro. Olá, Certificados de Energia.
O dinheiro como o conhecemos é obsoleto
A ideia central da Tecnarquia, o movimento por trás do panfleto, é que o "Sistema de Preços" — ou seja, o capitalismo — é um método de troca criado para um mundo de escassez. Segundo eles, a tecnologia havia inaugurado uma nova era de abundância, para a qual o sistema antigo era não apenas inadequado, mas ativamente destrutivo. Como o texto afirma, "Na escassez, ele funcionou bem o suficiente como um método de troca; na abundância, não consegue nem fazer isso".
A solução? Substituir o valor monetário por uma medição física. Nesse novo mundo, a base de toda a economia seria a energia. Em vez de dólares ou ouro, a unidade de troca seria o "Certificado de Energia", medindo a quantidade total de energia gasta na produção e distribuição de qualquer bem ou serviço. Seria um sistema de contabilidade física em escala continental.
2. Você Não Pode Poupar, Investir ou Ficar Rico
O fim da poupança e da acumulação de riqueza
Aqui as coisas começam a ficar realmente estranhas. O Certificado de Energia foi projetado com regras que impediriam a acumulação de riqueza. Ele seria intransferível (você não poderia dar ou vender para outra pessoa), não cumulativo e expiraria após um certo período.
Isso significa que poupar, emprestar ou investir seria literalmente impossível. Pense no que isso significa. Toda a nossa cultura de planejamento para o futuro, de "guardar para um dia chuvoso", simplesmente deixaria de existir. O sistema foi desenhado para ser um mecanismo de distribuição em tempo real, não um meio de acumular valor. Como o próprio panfleto afirma:
It is non-cumulative, therefore cannot be saved; and it does not bear interest. It need not be spent, but loses its validity after a designated time period.
3. Propriedade é Coisa do Passado. Bem-vindo à Economia do Acesso.
Você não possui nada além de seus itens pessoais
Se você não pode acumular riqueza, o que acontece com a propriedade? A visão da Tecnarquia era clara: o indivíduo possuiria apenas seus bens de uso imediato, como roupas. Bens duráveis não seriam de sua propriedade. Em vez disso, você pagaria pelo uso dos serviços.
Soa familiar? É, essencialmente, a "economia do acesso" que vemos hoje em serviços de streaming ou carros compartilhados, mas aplicada a toda a sociedade. A presciência da ideia é impressionante, como descreve o texto de 1938:
...he does not own an automobile but merely pays for the use of transportation facilities on a time-distance basis.
4. A Vigilância Total Era uma Funcionalidade, Não um Defeito
Um sistema de rastreamento completo e contínuo
O Certificado de Energia não era apenas um meio de troca; era um sofisticado sistema de vigilância. A privacidade, como a conhecemos, não era uma preocupação; o rastreamento era uma característica essencial. O panfleto detalha de forma assustadoramente específica as informações que seriam codificadas em cada transação, transformando cada compra em um ato de registro social completo:
• Sua identidade: Seu número de registro único, atribuído no nascimento.
• Sua localização: O código da divisão regional onde você nasceu e onde você trabalha atualmente.
• Sua profissão, em detalhes: Um código que informa sua área (ex: "Sequência de Ferro e Aço"), departamento (ex: "Departamento de Alto Forno") e até sua unidade específica (ex: "Unidade de Máquina de Sopro").
• Sua posição exata: O sistema registraria que você é, por exemplo, o "Número 11 de um total de 22 operadores de máquina de sopro".
• Cada compra: O registro incluiria o dia, hora e minuto exatos de cada transação.
• O que você comprou: Um código detalhado do item, como "sapatos masculinos, tamanho 11, largura E, estilo número 8".
Com esse nível de detalhe, o sistema poderia, como o texto admite sem rodeios, rastrear os movimentos de um indivíduo por todo o continente.
If necessary an individual's movements may be traced by his purchases across the Continent.
5. Seu Trabalho (Quase) Não Importa
O trabalho humano é dissociado do poder de compra
Talvez a ideia mais radical seja que o trabalho de uma pessoa não teria relação com sua renda. A lógica por trás disso se conecta diretamente à medição de energia: em uma sociedade industrial avançada, o esforço humano representa menos de 2% da energia total gasta na produção. Do ponto de vista da contabilidade física, é um erro de arredondamento.
Portanto, nesse sistema, todos os adultos acima de 25 anos receberiam uma parcela igual do poder de compra total. A distribuição seria um direito de cidadania, não uma recompensa pelo trabalho. Para completar o quadro, o panfleto especifica que "do nascimento ao vigésimo quinto ano, todo indivíduo receberá um subsídio de manutenção".
6. O Fim do Crime e da Desigualdade Social
Uma solução tecnológica para problemas sociais
Com essas regras, os proponentes da Tecnarquia fizeram uma promessa utópica: o fim da maioria dos problemas sociais. Ao eliminar o dinheiro e os "objetos de valor", o sistema erradicaria a base da maior parte dos crimes. Roubo e corrupção se tornariam inúteis, pois não haveria ganho material a ser obtido.
Com uma linguagem clínica que revela sua visão de mundo, o panfleto argumenta que o crime seria reduzido a uma "pequena fração" que se enquadraria no "campo da patologia". Além disso, problemas como a pobreza seriam resolvidos na fonte, eliminando a necessidade de caridade e filantropia, pois o sistema garantiria automaticamente a distribuição a todos.
Conclusão: Uma Visão do Passado para o Nosso Futuro?
O plano do "Certificado de Energia" é um artefato fascinante: ao mesmo tempo uma visão utópica de um mundo de abundância e segurança, e um projeto assustador de controle social totalitário. Ele nos força a confrontar as verdadeiras trocas entre liberdade, segurança e eficiência. À medida que avançamos em direção a uma sociedade cada vez mais automatizada e digital, quais lições — ou avisos — podemos tirar dessas visões radicais do passado?
Alexandre Zart